Por favor, não pegue meu Facebook. Deixa eu descobrir seu sobrenome em um papo informal, e achar ele chic, ou engraçado, e testar se combina com o meu, depois de fazer a mesma coisa com nossos beijos e corpos. Descubra em um questionário de bar que eu não vivo sem mar, que detesto verdura, que escutaria Cat Power por dias e dias inteiros e que Vinícius de Moraes mora permanentemente em meus olhos. Não pegue meu Facebook. Descubra minhas frases favoritas ouvindo diretamente da minha boca, sob uma noite de lua bonita, depois de duas, três taças de vinho. (E que depois, bêbados de carinhos, meu peito descanse no seu). Deixe que eu veja as fotos daquela sua viagem incrível na estante da sua sala; e que eu conheça seu cachorro pessoalmente, o que é importante; deixe que, se você foi ao show do Pearl Jam no Morumbi ou está em um bar na Vila Madá, eu saiba porque você me contou. Eu quero ver você curtir o meu sorriso do dia vendo ele ao vivo, e sendo o culpado dele; quero rir de alguma besteira que você falou, não que escreveu. Deixa eu perceber que há algo de blasé nos seus comentários, mas que, pós gargalhada irônica – provocação assumida – faz todo sentido…
Eu sei que isso soa bobo e que este tema beira o universo infanto-juvenil, mas, sério: não pegue meu Facebook. Eu quero te aceitar na minha vida, mas sem perder essa coisa gostosa que é te trazer, segurando a sua mão, para dentro dela.
Por Camila Lordelo
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