E no papel ela dizia...

Findado mais um dia, ela havia de chegar em casa e, como sempre, trancar-se em seu quarto. Pegou a caneta e um pequeno pedaço de papel e começou a escrever, pois as palavras eram o que dava sentido à sua vida. Mas naquele momento, qualquer coisa em que ela pudesse desabafar servia. E foi então que escreveu:

Levou um tempo para eu perceber que não preciso mais de você. Algumas coisas são substituíveis em nossas vidas, e você é uma delas. Levou um tempo para eu perceber que na tua ausência eu não morreria. Pelo contrário. Você me consumia, me fazia morrer, e agora eu vivo. Era só hábito de escutar a sua fala, de sentir o seu cheiro, de sorrir com seu sorriso, de suspirar a cada toque que eu achava ser necessário. Mas nossos hábitos são mudados pelos nossos pensamentos, e em ti não penso mais.
Cansei de chorar por você. Minhas lágrimas não merecem ser derramadas ao som de palavras ridículas de alguém que nem sabe o que diz. Cansei de lhe defender. Minhas palavras já não encontram argumentos para ao menos amenizar as situações em que se propõe a fazer parte. Cansei de pensar em você. Meus neurônios não querem mais formular repetidamente o nome daquele que nunca vem. Cansei de lhe amar. Meu coração cansou de bater em ritmo mais acelerado por alguém que tem um coração de pedra. Cansei de lhe esperar. O tempo que você tinha chegou ao fim e agora eu vou tentar ser feliz. E eu serei.