
Hoje nos encontramos pela rua
Como se fosse a primeira vez e a derradeira
Nos abraçamos fortemente
Me deu um beijo tosco, puro e lindo,
Lindo com nossos olhos a brilhar
Num grande olhar d’amor e de saudade
Permanecemos em um estado
de êxtase
de êxtase
Nos olhávamos docemente
Segurei suas mãos frias em minhas quentes
E mansamente conversávamos
Aonde nenhuma palavra poderia ser duvidosa
nenhum gesto incerto
Lembramos do nosso tempo
De como éramos extremamente felizes
Nossos olhares se cruzaram
e se prenderam
Até não poder mais girar o pescoço
Surgiu um beijo perfeito, amargo e triste
com nossos olhos a lacrimejar
Era hora de ele ir embora
Com um riso forçado no canto dos lábios
em sinal de: “- tudo bem, pode ir...”
em sinal de: “- tudo bem, pode ir...”
Ele levou tudo, nada esqueceu além de mim.
Um comentário:
“Falar é completamente fácil, quando se têm palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa...
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se eterniza, e nenhuma força jamais o resgata.”
(Carlos Drummond de Andrade)
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