17 de novembro de 2010

Das coisas que eu ignoro


Ignoro aqueles problemas em casa. É mais fácil pensar que minha família continua inteira e o fato de meus pais me visitarem juntos os mantém casados. É mais facil ligar só pra pedir dinheiro e dar conselhos superficiais, desviando os olhos na hora do choro incontido da minha fortaleza. Mas é infinitamente mais difícil prender o choro no meio da garganta.

Ignoro as viagens que a minha mente faz quando deveria estar no meu corpo. É mais fácil achar que é a TV que está me distraindo. É mais fácil imaginar que meus pensamentos se dispersam por distração, não por falta de emoção.
Ignoro meu choro na hora de pensar na despedida. Ignoro a controvérsia de meus sentimentos. É mais fácil julgar isto como 'costume', enquanto no fundo sei que é o mais sublime amor. É extremamente mais dificil dizer adeus de verdade.
Ignoro as horas que passam, ociosas, enquanto o mundo la fora corre. Aqui, dentro de casa, é mais confortável e justo. Mais fresco e protegido. É meu ninho, meu retiro, minha desculpa.
Ignoro tudo que não me convém. Ignoro tudo que tenho preguiça. E ignoro, principalmente, o meu conhecimento a respeito do perigo de ignorar o inevitável.

Nenhum comentário: